Ouro Preto: como ir, dicas e dúvidas

Como eu faço pra chegar em Ouro Preto?
Das vezes que eu fui, desembarquei em Belo Horizonte à noite, saí da Rodoviária de BH na manhã seguinte e peguei o ônibus da viação Pássaro Verde, e aí são duas horas de estrada pela rodovia BR-040. A passagem custa 30 reais e se você não quiser perder muito tempo, pra poder aproveitar tudo em OP, acorde bem cedo e pegue o primeiro ônibus, às 6 da manhã. Depois disso, sai um ônibus de uma em uma hora.

Onde me hospedo? Em hostel ou república?
Olha, a vantagem de ficar em república é que você pode acabar fazendo amizade com a galera que te recebe... aí podem rolar outros benefícios como uma carona pra onde você quiser ir, dicas de quais os melhores lugares pra ir e uma impressão real de quem mora na cidade, sem qualquer clichê pra convencer turista. Algumas repúblicas também promovem festas... Agora, o hostel pode ter a preferência de quem prioriza organização e quer um pouco mais de espaço, privacidade... república não é um ambiente zoado, mas é um lance meio tudo junto e misturado.




Igreja de Santa Efigênia

Como faço pra me hospedar em república? E qual o preço?
Hoje em dia, o melhor jeito de encontrar república é usar o aplicativo do serviço online Airbnb, especializado em hospedaria Bed & Breakfast, ou seja, aluguel de quarto só pra dormir e depois tomar o café da manhã. Nesse app, você encontra repúblicas bem arrumadas por 35 reais, e se você levar mais gente, ou dependendo de quantos dias vai ficar, tem como negociar diretamente com a pessoa.

Os guias que te abordam na rua são confiáveis?
Então, os guias confiáveis são aqueles da Associação de Guias de Turismo, que você encontra no posto de informações turísticas da Praça Tiradentes. Mas eu não recomendo, por conta do preço: 95 reais pelo dia. Fora que eles já tem um roteiro na cabeça, que talvez você não queira seguir. E um alerta é evitar os picaretas, que não são credenciados pela Associação de Guias de Turismo, e chegam abordando como guia, bancando o sabichão, no meio da rua ou na frente das igrejas. Já fui alertado pela galera das repúblicas, sobre dois tipos de golpes. Um, o picareta chega com papo de "te levo até lá", e vai te acompanhando, bancando o amigo pra te pedir dinheiro só no final do roteiro. E no outro golpe, o malandrão vem com papo de que a igreja não permite tirar fotos por dentro, mas se repassar uma grana ele consegue liberar pra você.

Afinal, é permitido ou não tirar fotos no interior das igrejas?
O problema todo é o flash. Sempre que fui e igreja estava vazia, pedia pra tirar foto sem flash e conseguia sem problema. Não precisa enganar o monitor, ou despistar ninguém... Agora, quando a igreja está movimentada, dificilmente eles liberam, até pra evitar tumulto. Aquela história, de "se deixar um" no meio de um monte de gente tirar foto, vai todo mundo querer fotografar junto e aí vai ser difícil avisar ou evitar que alguém dispare o flash.




Igreja de Nossa Senhora do Carmo

As coisas são caras em Ouro Preto?
Comparado a outros centros históricos, como de Salvador ou de Paraty, em Ouro Preto você consegue gastar bem pouco. Você pode almoçar em restaurantes com prato executivo, bem servido, por menos de 20 reais. Uma long neck em restaurantes ou cafeterias sai na faixa de 4 reais, mas existem uns bares por dentro da cidade que você acha uma Sub Zero, 600 ml, por 3 reais. Talvez você vai gastar mais mesmo nas lojinhas pela entrada da cidade, próximas à Praça Tiradentes.

Qual a melhor período pra ir?
Se você quiser passear de forma bem tranquila, e gastar menos dinheiro ainda, vá entre março e maio. Além da baixa temporada, não tem muitos eventos na cidade. Tem guia que recomenda ir em dezembro, no réveillon, pela demanda ser um pouco menor, mas o verão em Ouro Preto é época não só de muito calor, mas também de chuva. O carnaval é um dos melhores, pra quem gosta de carnaval de bloco de rua, e em junho tem festival de cinema, depois tem festival de jazz em setembro.




Igreja São Francisco de Assis, no canto à esquerda, e o Museu da Inconfidência e Nossa Sra. do Carmo, à direita

Afinal, dá pra visitar a cidade em um dia?
Dá sim. É só você visitar apenas o essencial... Logo cedo, o mais cedo possível, saia e tire fotos, pelos arredores da Praça Tiradentes e pelas principais igrejas... Depois vá em uma mina, em seguida à algum lugar que você não foi, e feche a noite no Calabouço Pub ou no Barroco Bar, e pronto! Já deu pra ver e descobrir muita coisa sobre Ouro Preto. Não precisa rodar a cidade inteira. É um lugar pra se apreciar com calma, principalmente com tanta ladeira, mas de repente você tá sem tempo, ou em um dia ruim, sem paciência. Então se for o caso, é melhor encurtar o roteiro mesmo.

Por que iniciar o roteiro o mais cedo possível?
A partir das 9 da manhã, as ruas começam a ficar movimentadas demais, mesmo em baixa temporada, e aí quando você tirar alguma foto, sempre sai algum "Robert", alguma pessoa inesperada no meio da foto. Então, se você sair bem cedo, consegue pegar uma luz boa, e se a interferência de outras pessoas no meio da paisagem.




Ruas na entrada do centro de Ouro Preto

O que é o essencial? O que não dá pra deixar de ver?
Se quiser conferir logo a melhor atração, vá até a Basílica de Nossa Senhora do Pilar, que é a que causa mais impacto e é a igreja com mais coisas pra você guardar na memória, ter algo pra contar depois... impressiona pela quantidade de ouro na ornamentação dos altares (cerca de 430 kg) e pelo peso histórico, já que é da primeira metade do século XVIII, antes de Aleijadinho, com traços muito marcantes do barroco. Depois, pra conhecer o trabalho de Aleijadinho, a boa é ir na Igreja de São Francisco de Assis, com projeto de Aleijadinho e pinturas do Mestre Ataíde, e na Igreja Nossa Senhora do Carmo, de estilo rococó, com destaque pros azulejos portugueses e os altares de Nossa Senhora da Piedade e de São João Batista. E o Museu da Inconfidência é o mais famosinho, mas achei meio sem graça... chama mais a atenção pela arquitetura do que pelas peças em si. A trave que seria da forca de Tiradentes, ninguém sabe se é de verdade, e o panteão é não apresenta nada demais, é um cemitério dentro de uma sala fechada. Vale mais ir no Museu de Aleijadinho, que fica no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, com esculturas e peças muito mais interessantes. Pra fechar, a Mina Jeje é a mina que tem mais perto, onde você fica de cara pra tentar entender a profundidade e a técnica de escavação pra aquela época. Fica do lado oposto da Nossa Senhora do Pilar, então conseguir ir em todos estes lugares em um só dia, tem que acordar cedo. E a mina fica perto da Igreja Santa Efigênia, bem bacana, que pode ficar como bônus.




Museus da Inconfidência

Outros lugares por perto?
Recomendo passar por Mariana e Congonhas. Pra Mariana, rola o trem maria-fumaça, que sai às 10 da manhã. Sente do lado direito do trem, pra dar uma fitada nas paisagens, e de repente guardar uns registros. Depois, se puder esticar até Congonhas, vale muito a pena, pra poder ver as estátuas de cedro feitas por Aleijadinho. São esculturas grandes, que reproduzem as cenas da Via Crucis.
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